quarta-feira, 15 de julho de 2009

Helena Roseta desilude?

Quando se fala sobre a integração de Helena Roseta na lista do PS em troca de dois lugares, podendo ser mesmo o número 2, vem a propósito referir que há 10 meses atrás, em Setembro de 2008, escrevi no blog Cidadania LX um post sobre o acordo então firmado entre Helena Roseta e António Costa que agora reproduzo.

Então, em reacção a esse post, várias pessoas próximas de Helena Roseta me disseram que tinha sido injusto na apreciação e errado na previsão, que ela era genuinamente independente e que assim continuaria...

Confesso que eu próprio, que entretanto tive a oportunidade de a conhecer pessoalmente e de com ela trabalhar na consensualização com o PSD do processo de elaboração do Plano Local de Habitação, fiquei com a impressão de ser uma pessoa muito determinada e, de facto, independente de António Costa.

Mas afinal parece que me enganei. E pelos vistos muitos mais se enganaram. Todos aqueles que acreditaram que existia uma voz que era "independente" em Lisboa têm razão para se sentirem defraudados.


Não há almoços grátis - Com os olhos postos em 2009 (*)

Não, este “acordo de cooperação” como é apelidado este compromisso – verdadeira coligação entre o PS-BE e Helena Roseta, não tem subjacente a preocupação com a cidade. Não! António Costa joga a tentativa de ser reeleito em 2009. Este é o verdadeiro objectivo, mascarado pela preocupação com a gestão de Lisboa.

António Costa, depois de calar (o dantes tão inconformado) Sá Fernandes com a entrega de pelouros e assim esvaziar eleitoralmente o Bloco de Esquerda, mata agora o movimento (afinal não independente) de cidadãos por Lisboa que dividia o potencial eleitorado socialista. O Partido Socialista procura assim aumentar a sua votação nas eleições de 2009, não pelo mérito da sua gestão, mas com acordos que procuram neutralizar os potenciais críticos.

Com esta nova coligação, António Costa admite também que o seu mandato não está a correr nada bem e que o trabalho da sua equipa tem sido insuficiente. Devo recordar que há pouco mais de um mês, Helena Roseta afirmava que “a coligação PS-BE até agora pouco fez e o que fez foi com um ritmo lento, difícil e pesado”…

Os pretextos para o acordo foram a habitação e a cultura mas podiam ser quaisquer outros. Por entre o atestado de incompetência passado aos vereadores que detinham até agora estas responsabilidades, o que importa mesmo é tentar limitar os danos em 2009.

E é evidente que o acordo vai para além de 2009. Passa pelo próximo mandato e por outras responsabilidades para Helena Roseta. Só um acordo mais amplo pode justificar que Helena Roseta sacrifique as suas próprias afirmações de falta de democraticidade e de estratégia com que apelidava ainda recentemente a gestão de António Costa…


António Prôa


(*) Setembro de 2008

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