quinta-feira, 28 de maio de 2009

Contas de verdade

Desde de 2007, com as eleições intercalares em Lisboa, foi sendo construída a ideia de que os anos de gestão do PSD foram despesistas. Foi uma estratégia deliberada e que serviu para que o PS vencesse as eleições de então. Baseada em interpretações equívocas mas muito úteis para o PS, numa situação em que o PSD se encontrava fragilizado, a ideia de que foi a gestão de Santana Lopes que aumentou o endividamento da câmara instalou-se. Esta é uma ideia errada. Não corresponde à verdade. O partido socialista sabe-o melhor que ninguém, mas serviu para que António Costa ganhasse e para branquear a gestão, essa sim despesista, do próprio partido socialista durante os doze anos seguidos que governou em maioria absoluta a câmara de Lisboa.

O passivo oficial da CML em 2002, quando o PSD assumiu responsabilidades, era de cerca de 560 milhões de euros. Mas na verdade era já muito superior. Descobriram-se facturas não contabilizadas, compromissos assumidos sem documentos, obras realizadas sem processos, etc. Tudo somado, afinal, o que eram aparentemente 560 milhões eram na verdade perto de 1000 milhões de euros de passivo de responsabilidade socialista. Esta foi a situação de partida do mandato de Pedro Santana Lopes que agora António Costa quer colar ao PSD mas que é da responsabilidade do seu próprio partido.

Agora que o período eleitoral autárquico se aproxima, é muito importante saber com que contas se parte. Vale a pena assumir a verdade. Quem governa assume responsabilidades de gestões anteriores e transmite novas responsabilidades às gestões futuras. Como na vida, o importante é que se faça com verdade. Quem tem medo da verdade?


texto publicado no jornal Meia Hora

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