segunda-feira, 6 de outubro de 2008

António Costa e a liberdade de expressão


Na passada quinta-feira, no programa da SIC – Notícias – “Quadratura do círculo”, António Costa resolveu atacar de forma violenta a blogosfera. Podia ter feito uma crítica a um ou outro comentário, mas o objectivo era colocar em causa todo o meio e os seus participantes e por isso entendeu fazer uma acusação genérica que é sempre mais fácil e seguramente sempre injusta. Diga-se, em abono da verdade, que José Pacheco Pereira também ajudou, ao ponto de encontrar uma quantificação para o “lixo” da blogosfera: 99%. Onde foi ele encontrar esse número e com que critério?

António Costa não encontrou melhor expressão para identificar a blogosfera do que “SUBMUNDO”. Aqui fica o que pensa o presidente da câmara de Lisboa sobre a blogosfera:

s. m.,
local ou meio onde se verifica a proliferação de actividades consideradas anti-sociais (criminalidade, consumo de droga, prostituição, etc. );

conjunto de indivíduos marginais ou delinquentes enquanto grupo social organizado e que se movem e actuam nesse local ou meio.

Significado retirado
daqui.

Tal era o empenho de António Costa em denegrir a blogosfera que tudo serviu de argumento, mesmo a utilização de argumentos falsos.

Nos tempos que correm, a blogosfera continua a ser dos poucos espaços de livre opinião não “controlada” pelo poder. António Costa tem revelado inteligência e sabe que ao contrário de outros meios, este não consegue controlar. Por isso tenta utilizar outro método: a descredibilização.

A aversão à crítica é aliás uma característica comum aos políticos. Mas António Costa já demonstrou que não suporta qualquer reparo. Alias, só isso justifica que critique agora um meio que utilizou de forma inédita quando esteve à frente do ministério da administração interna. A contradição numa pessoa inteligente só pode suceder quando o agastamento tolhe a razão. Parece ser o caso.

Infelizmente não é a primeira vez que António Costa revela que não admite a crítica. Logo no início do seu mandato, resolveu fazer um ataque absolutamente desajustado ao jornal Público classificando-o como “indigno”, ao seu director – José Manuel Fernandes que apelidou como “desqualificado” e ao jornalista José António Cerejo.

António Costa tem revelado repetidas vezes que não gosta da liberdade de expressão sempre que não é aplaudido. Para o actual presidente da câmara de Lisboa a imprensa séria é a que não o critica e a blogosfera credível é a que o elogia. Quanto à imprensa, desconheço os meios de pressão e a sua eficácia, quanto à blogosfera, creio que lhe dará mais trabalho…

Dr. António Costa, "submundo"? Não havia necessidade...

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