segunda-feira, 18 de maio de 2009

Terreiro do Paço: “pra que sim!”


Lisboa encontra-se privada da sua mais importante praça há mais de dez anos. Primeiro com a obra do metropolitano que teve início em 1997 e só terminou em 2007 depois de um grave acidente. Quando os lisboetas se preparavam para voltar a utilizar a “sua” praça, a SIMTEJO, decidiu voltar a esventrar a Praça do Comércio. Ainda esta não terminou e agora é anunciada a renovação urbana do espaço público da Praça do Comércio que durará mais de um ano.

Como tem sido habitual, apesar de ser uma obra em Lisboa, a câmara não é responsável por ela. Aliás, quase todas as obras que se têm realizado em Lisboa não são da iniciativa da CML mesmo que muitas vezes pareçam, tal é o protagonismo que o presidente da câmara delas pretende retirar.

Desta vez a intervenção é da responsabilidade da Sociedade Frente Tejo em que a câmara deveria ter participado mas recusou. E era importante ter-se envolvido. A Câmara não pode demitir-se de ter uma palavra determinante na gestão de zonas tão importantes da cidade. O alheamento é uma atitude mais confortável, mas não é a correcta.

O projecto para a renovação da Praça do Comércio foi apresentado. Mas muito para além das soluções propostas com um desenho e uso de materiais muito discutível, importava que estas soluções fossem precedidas por um programa de dinamização daquela praça. Esse deveria ter sido o primeiro passo: decidir como se pretende utilizar. Só depois, e em função disso, a solução adequada. Uma vez mais, as coisas foram feitas ao contrário.

Tal como com a iniciativa fracassada de fecho do Terreiro do Paço aos Domingos, uma vez mais, a resposta à pergunta: “Pra quê esta intervenção na Praça do Comércio?” talvez seja “pra que sim!”.

Texto publicado no jornal "Meia Hora"

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