quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Abuso da publicidade em Lisboa


Vacas na Praça de Espanha! Nem sequer constitui uma novidade. Já em 2006 as vacas invadiram Lisboa com a Cow Parade. Foram mais de cem vacas que coloriram, animaram e enriqueceram o espaço público da cidade. Foi a maior exposição de arte urbana realizada na capital.

Desta vez as vacas (de “carne e osso”) são figurantes de uma campanha publicitária de promoção dos Açores que durante semanas ocupou por completo as principais praças de Lisboa. Foi uma ocupação legalizada pela câmara de Lisboa, seguramente interessante para os Açores, mas nem por isso menos agressiva para a cidade.

Também há uns meses atrás a câmara de Lisboa decidiu alugar a Praça das Flores a uma marca automóvel que a ocupou e vedou, impedindo ou restringindo a circulação dos lisboetas. Foi uma demonstração de falta de respeito e de consideração pela cidade e em particular pelos moradores daquela praça.

Mais recentemente foi a publicidade com o pretexto das iluminações de Natal que invadiu as ruas e praças da cidade em quantidade (e mau gosto) nunca vistos, ofuscando o espaço e desrespeitando património.

Este tipo de publicidade, que resulta na ocupação de espaço utilizado pelos cidadãos, deve salvaguardar o seu equilíbrio com o meio em que se insere e, quando admitida, tem de se traduzir em benefícios para a cidade devendo estar relacionada com Lisboa.

A publicidade em Lisboa e a sua ocupação do espaço público tem de resultar em benefício da cidade e deve, desejavelmente, ser elemento de qualificação. A sua autorização deve estar condicionada à preservação do equilíbrio urbano, à salvaguarda do património e à garantia do direito à paisagem.

texto publicado no jornal "Meia Hora"

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