quinta-feira, 18 de junho de 2009

Lisboa - navegação à vista

O actual mandato da Câmara Municipal de Lisboa fica marcado por um conjunto de intervenções em Lisboa que prejudicam a cidade e que têm em comum o facto de serem de iniciativa do governo, mas que contaram com o apoio empenhado do actual presidente da câmara. Aliás, à falta de obra para apresentar, António Costa julgou poder capitalizar com estas intervenções.

Primeiro a terceira travessia do Tejo, depois a ampliação do terminal de contentores de Alcântara, mais recentemente a intervenção no Terreiro do Paço. Em todos os casos, António Costa, que começou por ser apoiante entusiasta daquelas intervenções na cidade, percebeu que eram intervenções amplamente condenadas pelos munícipes e pela opinião pública. Então, rapidamente procurou mudar de opinião e encenar aparentes discordâncias para logo de seguida aparecer como responsável pelas alterações (na verdade apenas cosméticas) impostas aos projectos.

Com a terceira travessia do Tejo, António Costa acabou a reivindicar que a ponte baixasse dois ou três metros e que fosse incluída a patética pista ciclável na ponte. Mas mantêm-se as dezenas de milhares de automóveis a entrar diariamente na cidade. No caso do terminal de contentores prometeu um jardim enquanto a operadora não necessite do espaço e exigiu uns corredores para se ver o rio entre os contentores. Mas mantém-se o muro de contentores e o aumento dos camiões em Lisboa. Quanto ao Terreiro do Paço afinal já não acha o projecto magnífico e provavelmente acabará a condenar a intervenção.

Lisboa é governada ao sabor de iniciativas de terceiros e condicionada pelas reacções em cada momento, sem iniciativa própria e com obsessão pela popularidade e pelas consequências eleitorais.


texto publicado no jornal Meia Hora

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