Depois de algumas edições no Rio de Janeiro, e já com o conceito “por um mundo melhor”, o Rock in Rio tem a sua primeira presença em Lisboa em 2004 ocupando o então desconhecido Parque da Belavista em Marvila. Era um conceito novo e ainda hoje único, associando um festival de música a um conjunto de causas e realizações sociais e ambientais, convocando todos os participantes para esse compromisso, utilizando a música como meio de comunicação.
No momento em que se realiza a sétima edição do Rock in Rio - Lisboa, vale a pena reflectir sobre o seu papel na cidade.
A decisão de acolher em Lisboa o evento assentou numa visão de Lisboa enquanto espaço de acolhimento de grandes acontecimentos capazes de a projectar e promover internacionalmente,
proporcionando também um evento de grande impacto para a cidade e, de um modo geral, para a área metropolitana.
A opção pela localização do festival no Parque da Belavista permitiu divulgar o segundo maior espaço verde da cidade (depois de Monsanto) à disposição dos lisboetas, sendo também pretexto para investimentos que qualificaram este espaço de lazer.
As primeiras edições decorreram com um enorme sucesso pese embora críticas de alguns sectores também políticos. Curiosamente, alguns críticos de então são hoje apoiantes da realização do evento…
A primeira edição do Rock in Rio, em 2004, foi a oportunidade de verificar o sucesso da iniciativa. Este sucesso permitiu perspectivar a sua continuação em Lisboa e a segunda edição, em 2006, foi a ocasião de incluir uma prática, depois substancialmente desenvolvida, de contrapartidas para a cidade.
Por um lado, os vários protocolos assinados entre o promotor do Rock in Rio e o município permitiram dotar o parque de diversas infra-estruturas, qualificando o espaço e dotando-o de novos equipamentos, bem como intervenções como a construção de uma ponte ciclável enquanto contrapartidas pela utilização do espaço. Por outro lado, o RiR assumiu sempre um papel de responsabilidade social, procurando envolver a comunidade local, desenvolvendo um programa de voluntariado com jovens (que infelizmente este ano não se repetiu contra a vontade da organização), bem como utilizando parte dos lucros em acções de reflorestação, instalação de equipamentos de energia solar em escolas.
Outro aspecto relevante é a aposta na utilização de práticas ambientalmente sustentáveis, desde a utilização de água, energia, gestão de resíduos, até ao desperdício alimentar e ainda apostando no desenvolvimento de novas tecnologias.
Na actualidade, o Rock in Rio - Lisboa constitui um valioso instrumento de promoção turística, sendo um factor de renovação de oferta de animação da cidade e exemplo de boas práticas em diversos domínios.
A sustentabilidade turística da cidade depende da capacidade de oferecer novas e renovadas experiências a quem nos visita. Lisboa precisa de grandes eventos que promovam a cidade mas que constituam factor de renovação da oferta.
António Prôa
Vereador na Câmara Municipal de Lisboa
(publicado no jornal Oje)
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