O mandato do actual Provedor de Justiça terminou há cerca de oito meses atrás. Os dois partidos obrigatórios para concretizar a substituição através da eleição com uma maioria de dois terços não conseguiram faze-lo. Uma vez mais a imagem dos partidos políticos fica enfraquecida. Uma vez mais a imagem da Assembleia da República sai fragilizada.
Compreensivelmente, após oito meses de espera para ser substituído, o ainda Provedor de Justiça, veio manifestar a sua incomodidade perante a situação. Nascimento Rodrigues foi claro na justificação da situação a que se chegou: o partido maioritário quer também ocupar este cargo numa ânsia de hegemonia em relação a todos os cargos públicos.
A credibilidade do actual Provedor de Justiça impôs um peso às suas palavras que deixou os dirigentes do partido socialista num estado de nervosismo que contagiou o próprio primeiro-ministro. Só isso justifica a total falta de sentido de estado e a irresponsabilidade das reacções que se seguiram: o partido socialista atirou para a praça pública nomes propostos para ocuparem o cargo em questão na tentativa de criar uma cortina de fumo perante o verdadeiro problema tão sabiamente apontado por Nascimento Rodrigues.
A escolha do Provedor de Justiça depende do acordo entre os dois maiores partidos. A dignidade do cargo e o sentido de estado deveriam manter as negociações necessárias reservadas. Quem vem para a praça pública atirar nomes não quer resolver problemas, antes manifesta uma total ausência de sentido de estado. Quem persiste teimosamente em querer decidir todas as nomeações de cargos públicos, sacrificando o vital equilíbrio democrático, revela falta de bom senso.
texto publicado no jornal Meia Hora
quinta-feira, 26 de março de 2009
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