sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Promessas arriscadas, compromissos falhados

(passadeira que ficou por pintar em Alvalade, no Bairro de São Miguel, junto à escola nº24)


Esta tentação de fazer promessas de grandes operações tem destas coisas. Falha-se!

O presidente da câmara de Lisboa deu início ao seu mandato com compromissos ambiciosos. Este tipo de promessas é habitual em períodos eleitorais onde a tentação de prometer tudo a todos é grande.

Observar a mesma atitude fora desses períodos pode ter uma de duas justificações: ou é uma forma populista de governar ou revela falta de conhecimento sobre a real capacidade de intervir e resolver problemas face às condições existentes e à vida da própria cidade.

Registei três desses grandes compromissos: renovar as passadeiras junto às escolas até ao início das aulas, limpar a cidade e acabar com o estacionamento em segunda fila e em cima do passeio.

Perante os grandes compromissos efectuados pelo presidente da câmara, não querendo antecipar o que logo me pareceu ser inevitável, esperei para confirmar a minha impressão. Infelizmente confirmou-se o que eu esperava. O Dr. António Costa falhou. Não cumpriu.

Quanto às passadeiras e sinalização das escolas é justo referir que houve grande intervenção. Mas logo dei conta de uma escola que terá sido esquecida (como revela a fotografia de uma passadeira por pintar junto à escola 24 do Bairro de São Miguel).

No que respeita à limpeza o falhanço é total. Não que a câmara não disponha de pessoal competente e organizado, mas passar a ter a cidade limpa de um dia para o outro, nas actuais circunstâncias, era o mesmo que dizer que os trabalhadores da câmara e os seus dirigentes andaram até agora a dormir (não creio que o Dr. António Costa cometa tal injustiça). A cidade está suja. Não é de hoje e não acabará amanhã. A mudança faz-se com fiscalização, punição e mudança de hábitos das pessoas. E isso demora. De um dia para o outro, quanto à limpeza da cidade, só mesmo uma grande acção de propaganda para fazer de conta que se está a fazer.

Finalmente o fim do estacionamento em segunda fila e em cima dos passeios que é das questões mais críticas na cidade. Por um lado o Dr. António Costa resolveu bem depressa o reforço da polícia municipal com mais 150 agentes da PSP, até porque isso sucederia fosse qual fosse o presidente da câmara pois foi um processo que tinha já muito tempo (algum até da responsabilidade do Dr. António Costa enquanto ministro). Por outro lado é preocupante se, na tentativa de cumprir mais esta promessa, a polícia municipal deixa de cumprir outras funções importantes na cidade. Na realidade o que se verifica é que, como num jogo do gato e do rato o estacionamento em segunda fila e nos passeios continua por todo o lado.

O problema deste tipo de promessas generalistas do género “acabar com a criminalidade” ou “acabar com as listas de espera nos hospitais”, acabar com isto ou com aquilo, resulta sempre em fracasso porque, por muito injusto que possa ser, há sempre uma pequena falha. Pior ainda é quando a falha não é só uma e não é pequena.

Este conjunto de promessas já serviu para muitos bonecos na televisão e muitas notícias simpáticas porque as medidas são de facto importantes. Mas quanto à sua real resolução dos problemas isso parece não ser a principal preocupação do Dr. António Costa.

Espera-se, a bem da cidade, que a gestão da câmara não continue a ser feita apenas de números mediáticos que têm o seu papel e também são importantes, mas que não chegam para resolver de facto os problemas. Terá sido apenas uma precipitação de início de mandato…


António Prôa


(texto publicado no blog "O Carmo e a Trindade")

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