Portugal está a ficar velho. Lisboa está a ficar deserta.
Mais importante que o défice do orçamento é o défice de natalidade.
Para além das dificuldades conjunturais, a vida nas cidades
é especialmente exigente. De forma quase paradoxal, as cidades são pólo de
atracção da população, mas são também espaços de grande agressividade para quem
nelas vive.
Em Lisboa, o futuro depende do seu dinamismo. E este, da
capacidade de gerar novas ideias com novas pessoas. Lisboa tem de fazer uma
aposta nas pessoas.
Lisboa deve definir uma estratégia que transforme a capital
numa cidade familiarmente exemplar.
O exemplo deve começar “em casa”. Por isso, a câmara
municipal deve organizar os serviços de modo a que os seus funcionários possam
compatibilizar as responsabilidades profissionais com a família nomeadamente em
termos de conjugação de horários. De seguida, importa “disseminar “ boas
práticas de organização e conciliação com as empresas da cidade.
A reabilitação urbana, nomeadamente as tipologias das
habitações, localização de equipamentos, estacionamento e usos, devem
condicionadas a uma estratégia de promoção da atractividade das famílias.
A mobilidade é um factor crítico nas cidades e deve ser
desenhada em função da facilitação da logística familiar.
Os equipamentos também devem ser repensados no sentido de
proporcionar conforto às famílias. A rede de infantários, escolas, equipamentos
desportivos e culturais devem adequar a oferta às necessidades, desde logo em
termos geográficos e nos horários.
O espaço público deve ser desenhado em função de uma oferta
adequada para a utilização das famílias, fomentando a segurança e a
apropriação.
Lisboa quer ser uma cidade competitiva mas acolhedora. Para
novas ideias, para novas empresas, mas também para novas famílias.
texto publicado na edição de Maio do Jornal de Lisboa