Foi durante o mandato de Pedro Santana Lopes à frente da Câmara Municipal de Lisboa que a Baixa foi abordada de forma sistemática e com um desígnio. Neste período foi preparado o essencial da candidatura da Baixa a património da humanidade.
Na sequência do projecto de candidatura da Baixa ao reconhecimento da UNESCO, já no mandato de Carmona Rodrigues e pela mão da vereadora Maria José Nogueira Pinto, é elaborado o Plano de Revitalização da Baixa-Chiado que dá corpo a esse projecto com um ambicioso programa de recuperação do coração de Lisboa.
Mais recentemente, em 2010, o vereador Manuel Salgado (que tinha colaborado com o plano de Maria José Nogueira Pinto) apresenta e faz aprovar o Plano de Salvaguarda da Baixa Pombalina.
No entanto, continua a assistir-se à decadência do centro da capital. O comércio – ex-libris da Baixa –, salvo honrosas excepções, está decrépito. Há muito que os escritórios, bancos e repartições públicas abandonaram escolheram outras localizações. Os habitantes são escassos e em alojamentos degradados.
E qual a acção da Câmara Municipal de Lisboa? Primeiro dificultou a circulação automóvel na zona ribeirinha inibindo o seu acesso à Baixa. Agora, do lado oposto – na Avenida da Liberdade – repete a receita, dificultando também o acesso automóvel à Baixa. Assiste-se ao insólito de haver milhares de lugares de estacionamento para automóveis (alguns de construção recente e outros planeados para construção) e de ser quase impossível lá chegar.
O automóvel com meio de apoio ao comércio e restauração da Baixa é importante para contrariar a sua decadência e como instrumento de promoção da competitividade com outras zonas comerciais da cidade. Diferente é o abusivo e prejudicial trânsito de atravessamento da Baixa. É esse equilíbrio que falta encontrar. É esse meio-termo que a Câmara parece ignorar.
Mas a Baixa precisa de mais. Primeiro, de uma estratégia de revitalização, depois de empenho e, sobretudo, de equilíbrio e bom senso na intervenção. Uma coisa é certa: A Baixa não pode ser estrangulada.
texto publicado na edição de Outubro de 2012 do Jornal de Lisboa