terça-feira, 30 de setembro de 2008

Mansinho


O vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, opina que "nem pensar" em Ana Sara Brito se demitir, justificando que "foi uma coisa entre a vereadora e o engenheiro Abecassis, com um contrato de arrendamento, com critérios da altura".

"Se a vereadora não tivesse devolvido a casa, teríamos que analisar o assunto - mas devolveu", sublinhou o vereador eleito pelo Bloco de Esquerda.

Sá Fernandes, que esteve presente na conferência de imprensa convocada para Ana Sara Brito explicar as condições em que viveu cerca de vinte anos num apartamento que está na posse da autarquia, preferiu realçar os "esclarecimentos claríssimos" prestados pelo presidente da Câmara sobre a atribuição de fogos municipais durante o actual mandato.

in Lusa


É absolutamente extraordinário! É preciso ter descaramento para dizer coisas destas! Imaginem o que diria Sá Fernandes quando estava na oposição... Mas afinal é António Costa que está de parabéns... Mas será que vale tudo?

Quem é que ainda confia no Zé?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mobilidade de fachada

A semana da mobilidade em Lisboa e o dia sem carros voltaram aos tempos das iniciativas de fachada, apenas “simbólicas”. Um conjunto de eventos “faz de conta” que duram apenas uma semana ou até um só dia. Depois Lisboa volta ao mesmo.

Na semana da mobilidade de Lisboa, os actuais responsáveis camarários desdobraram-se num vai e vem (de emissões de CO2 e partículas poluentes para a atmosfera) de eventos festivos, anúncios propagandísticos mas depois dessa semana, tudo (ou quase) ficou como dantes.

O exemplo mais ilustrativo desta campanha em que nada permanece foi a proibição da circulação de automóveis no dia sem carros que apenas serviu para causar perturbações ao trânsito (e consequente aumento de emissões poluentes) em parte da cidade e transtorno a muitos cidadãos.

Se alguém na câmara pretendesse ter uma abordagem responsável desta matéria teria tido a preocupação de deixar marcas definitivas de alterações na cidade que promovam a mobilidade sustentável. E teria tido um discurso que, para poder ser levado a sério, falaria em políticas metropolitanas de mobilidade, pois essa é a escala adequada para quem encara estes problemas sem o folclore a que se assistiu em Lisboa.

Pois, já estou a ver alguns leitores a falar do “negro” passado… Mas já é tempo de falar no presente e sobretudo no futuro.

E no futuro é importante que a semana da mobilidade seja comemorada com medidas efectivas e definitivas. É importante aumentar na cidade as zonas pedonais. Terminar o rebaixamento de passeios nas passadeiras. Implementar as “zonas 30” de limitação de velocidade em bairros residenciais. Implementar a restrição da circulação de automóveis em algumas zonas da cidade. Reestruturar a política de estacionamento e utiliza-la como mecanismo de condicionamento da entrada de automóveis na cidade. Concretizar os projectos (que já têm anos) de aumento dos corredores cicláveis. Promover a conversão de frotas automóveis de operadores de transportes e das empresas com grandes frotas. Concretizar a rede de monitorização e divulgação da qualidade do ar e do ruído na cidade. Reivindicar a intervenção da CML na definição da estratégia dos operadores públicos de transportes. E já agora, o que é feito da Autoridade Metropolitana de Transportes?

Mas é mais fácil fazer uns panfletos e uns números mediáticos do que mudar hábitos e práticas na cidade. Em Lisboa, na semana da mobilidade, confirmou-se o imobilismo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Não há almoços grátis – Com os olhos postos em 2009

Não, este “acordo de cooperação” como é apelidado este compromisso – verdadeira coligação entre o PS-BE e Helena Roseta, não tem subjacente a preocupação com a cidade. Não! António Costa joga a tentativa de ser reeleito em 2009. Este é o verdadeiro objectivo, mascarado pela preocupação com a gestão de Lisboa.

António Costa, depois de calar (o dantes tão inconformado) Sá Fernandes com a entrega de pelouros e assim esvaziar eleitoralmente o Bloco de Esquerda, mata agora o movimento (afinal não independente) de cidadãos por Lisboa que dividia o potencial eleitorado socialista. O Partido Socialista procura assim aumentar a sua votação nas eleições de 2009, não pelo mérito da sua gestão, mas com acordos que procuram neutralizar os potenciais críticos.

Com esta nova coligação, António Costa admite também que o seu mandato não está a correr nada bem e que o trabalho da sua equipa tem sido insuficiente. Devo recordar que há pouco mais de um mês, Helena Roseta afirmava que “a coligação PS-BE até agora pouco fez e o que fez foi com um ritmo lento, difícil e pesado”…

Os pretextos para o acordo foram a habitação e a cultura mas podiam ser quaisquer outros. Por entre o atestado de incompetência passado aos vereadores que detinham até agora estas responsabilidades, o que importa mesmo é tentar limitar os danos em 2009.

E é evidente que o acordo vai para além de 2009. Passa pelo próximo mandato e por outras responsabilidades para Helena Roseta. Só um acordo mais amplo pode justificar que Helena Roseta sacrifique as suas próprias afirmações de falta de democraticidade e de estratégia com que apelidava ainda recentemente a gestão de António Costa…